QUERO, POSSO E MANDO
Nesta última semana, surgiram duas notícias que nos surpreenderam bastante: O congelamento das reformas antecipadas até 2015 e o não pagamento dos subsídios de Férias e Natal até 2014, começando estes a ser repostos de uma forma fraccionada, a partir de 2015.
Que todos
temos que apertar o cinto, já todo o mundo está à espera. Com a diminuição das receitas e com o aumento das despesas, fruto das medidas cegas de austeridade, tudo isto se adivinhava. Como se adivinha que o desemprego que atingiu os 15% pode vir a atingir os 20%. Mas serem as medidas anunciadas sorrateiramente, sem nenhuma justificação, isto nem nos tempos passados.
Dizer que nos retiram em 2012 e 2013 os subsídios de Natal e Férias e repentinamente passar a incluir, também 2014, é brincar com o povo, que com calma e ordeiramente tudo vai encaixando. Dizer que foi um engano é prova de incompetência do governo e o indiciar de muito mais enganos, que lentamente poderão vir a surgir.
Suspender as reformas antecipadas até 2015, repentinamente e sem qualquer justificação, sem pedir a opinião da Assembleia da República e sem ouvir os representantes do patronato e dos trabalhadores, é no mínimo um abuso. Com tal atitude, estão a dar mostras de querer abraçar a governação do “Quero, Posso e Mando”.
Começamos a recear o pior. Ao longe, navegando num mar calmo, começamos a vislumbrar a
caravela do fatalismo, que lentamente nos quer abraçar, com as velas ao vento sarapintadas de negro e do biliar verde-amarelado, segregado pelo fel da ditadura.
Esperemos que, com união e vontade de todos, o veleiro venha a naufragar e como na Páscoa, um Portugal mais justo possa ressuscitar.
Amorim Lopes