“Carta aberta ao reitor da Universidade Lusófona"
Ao ler o Jornal Correio da Manhã, o nosso olhar caiu num artigo intitulado “Carta aberta ao reitor da Universidade Lusófona” que, pela sua actualidade, decidimos transcrever na íntegra:
“Carta aberta ao reitor da Universidade Lusófona"
"Exmo. Reitor. Foi com grande satisfação que soube que a Universidade Lusófona conferiu uma licenciatura em Ciência Política ao Dr. Miguel Relvas em apenas 14 meses, reconhecendo dessa forma a sua elevada estatura intelectual. Sempre sonhei com o alargamento das Novas Oportunidades ao Ensino Superior e fiquei muito feliz por terem dado o devido valor à cadeira de Direito que o senhor ministro fez há 27 anos com nota 10. Depois, naturalmente, o processo foi "encurtado por equivalências reconhecidas" (palavras do Dr. Relvas), após análise do seu magnífico currículo profissional.
É dentro desse mesmo espírito que vinha agora solicitar igual tratamento para a minha pessoa. Embora seja licenciado pela Universidade Nova com uns simpáticos 17 valores, a verdade é que o curso levou--me quatro anos a concluir e o Jornalismo anda pela hora da morte. Nesse sentido, e após análise da oferta disponível no site da universidade, venho por este meio requerer a atribuição do grau de licenciado em: Animação Digital (tenho visto muitos desenhos animados com os meus filhos), Ciência das Religiões (às vezes vou à missa), Ciências Aeronáuticas (já viajei muito de avião), Ciências da Nutrição (como imensa fruta), Direito (fui duas vezes processado), Economia (sustento uma família numerosa), Fotografia (tiro sempre nas férias) e Turismo (visitei 15 países). Já agora, se a Universidade Lusófona vier a ministrar Medicina, não se esqueça de mim. A minha mulher é médica, e tendo em conta que eu durmo com ela há mais de dez anos, estou certo de que em seis meses posso perfeitamente ser doutor.
Respeitosamente,
João Miguel Tavares
Por:Por João Miguel Tavares (jmtavares@cmjornal.pt)"
É triste ver e sentir a situação que estamos a viver. Nós e toda a família, que alcançámos os nossos graus académicos com enorme trabalho, sacrifício, dedicação e esforço, sentimo-nos traídos por um estabelecimento de ensino, que tomou as decisões que agora foram divulgadas. Que com a prática profissional sejam atribuídas duas ou três cadeiras ainda compreenderíamos, mas a quase totalidade de um curso, como o que aconteceu ao Ministro Miguel Relvas é inconcebível. Certamente que, os estudantes que tiraram os seus cursos na Lusófona, sentirão vergonha de informar o local ande alcançaram as suas licenciaturas.
O cidadão Miguel Relvas, que aproveitou as facilidades que lhe foram concedidas, para colocar antes do nome o Dr., que ele entende necessário para enfeitar a sua carreira política, devia sentir vergonha da forma pouco leal e justa como alcançou a licenciatura.
Para se ser respeitado tem que se dar ao respeito!
Senhor Dr. Miguel Relvas: Com as atitudes que tomou, está a faltar ao respeito ao povo trabalhador, que, com trabalho e honestidade vai construindo Portugal; Está a faltar ao respeito aos estudantes deste País que, com trabalho, crer, vontade e sacrifício, conseguem ser Homens para engrandecer Portugal; Está a faltar ao respeito a Portugal, pois ao utilizar os caminhos do oportunismo e métodos pouco claros, contribui grandemente para delapidar e denegrir a boa imagem e a credibilidade internacional de que o País tanto necessita.
Analisando o triste quadro que diariamente vai sendo enegrecido com pinturas pouco felizes da economia, finanças – inconstitucionalidade dos cortes dos subsídios de férias e natal - e outras áreas, apelamos para que, os ventos da mudança rapidamente comecem a soprar.
Amorim Lopes