O DISCURSO DA PALAVRA E DA RAZÃO
Estive com a maior atenção, na passada semana, a ver e ouvir a eleição do Presidente da Assembleia da República. A votação elegeu Assunção Esteves, deputada pelo PSD, com um total de 186 votos.
Depois de ter assumido o cargo, tive o grato prazer de ouvir o seu primeiro discurso, como 1ª mulher Presidente da Assembleia da República.
Foi um discurso simples, claro, palavras muito bem escolhidas e
ponderadas. Foi um discurso, numa primeira análise, que nos pareceu diferente, dos muitos até agora proferidos.
Foi belo, o apelo à justiça social e o seu comprometimento, em querer trabalhar apartidariamente e em nome de todos os Portugueses.
Com este trabalho, pretendemos fazer uma singela homenagem e desejar, que Deus lhe dê muita força, para poder ajudar a levar Portugal à Vitória.
Porque o trabalho escrito no CM “Discurso da palavra e da razão”, por Rui Rangel, Juiz Desembargador, faz uma análise real e clara, da nova Presidente da Assembleia da República, com a qual estamos inteiramente de acordo, fomos levados a terminar este trabalho com a sua publicação.
Discurso da palavra e da razão
Fez-se política, em todo o seu esplendor, no Parlamento, com a eleição de Assunção Esteves, para Presidente da Casa da Democracia. A política, enquanto valor ético e moral, recheada de virtudes e princípios, honrou a democracia. Que bom foi ver o Parlamento e os deputados darem um sinal de maturidade e de autonomia, elegendo, pela primeira vez na sua história, para o lugar cimeiro, uma mulher culta, livre e inteligente.
O discurso de Assunção Esteves é o discurso da palavra e da razão kantiana, usado no lugar, onde a palavra, valor de comunicação e de responsabilidade, deve ser usada com rigor, com sentimento, com amor e com alegria. Tudo está nesse discurso denso, belo e simples. Cada palavra é usada e dita com o orgulho de ser deputada e com a dimensão e o prestígio do cargo. A alegria, estampada no seu rosto, que demonstrou e transmitiu aos portugueses, simboliza, o que há de bom e de genuíno no ser humano. Ocupam-se os cargos porque se gosta, porque dá prazer e porque se sente capacidade de realizar e de fazer diferente. E não por sacrifício e com um ar enfadado. O Parlamento e a Democracia saíram reforçados na sua dignidade e no seu prestígio. Este é o discurso da mulher, do homem, dos desvalidos, dos fracos, dos excluídos, dos fortes, dos ricos e dos pobres. O discurso da modernidade, europeu, e que recentra o debate para os valores da cidadania, da solidariedade, para a salvação do homem e para o prestígio das instituições. Que "bom é
estar aqui, senhores deputados", disse, Assunção Esteves. Assim vale a pena fazer política, colocando esta ao serviço da comunidade e das pessoas. A melodia e a harmonia das palavras que usou, meticulosamente, são um sinal de sabedoria e uma lufada de ar fresco nos discursos políticos usados, que são repetidos e são cópias uns dos outros.
Trazer a virtude e a filosofia para a política é a mais importante de todas as coisas. O seu grito de revolta pela justiça social e o seu alerta para a importância das funções de deputado ecoaram por toda a sala. Mesmo que alguém não tenha percebido a densidade da palavra e da razão, ninguém ficou indiferente.
Tal como Maquiavel diz, o que é preciso é transformar todos os vícios da política nas virtudes por excelência dos governantes.
Muitas vezes fazem-se discursos sem usar a palavra.
Neste tempo de crise, de desespero e de angústia, sabe bem ouvir coisas diferentes, limpas e cristalinas. Bem pensadas e que confortam a alma.
Os fundamentos do pensamento kantiano assentam na liberdade, na moralidade e no direito, que se interligam entre si.
A liberdade, a moralidade e o direito estiveram presentes na casa que é o "Mapa do Povo", como disse, Assunção Esteves.
Segue discurso de Assunção Esteves.
VÌDEO
Como foi belo ver toda a Assembleia levantada a aplaudir.