A BANDEIRA A MEIA HASTE
Um Alto-Comissário da União Europeia, Günther Oettinger, pretende adulterar o sentido dado, por uma Nação, à bandeira a meia haste, “Luto Nacional”.
Efectivamente, sugeriu que todos os países com dívidas, as suas bandeiras fossem colocados a meia haste. É uma declaração estonteante, querer atribuir à bandeira a meia haste, o significado de que um povo está endividado. Nada justifica tamanha afronta à dignidade de uma Nação.
Ao contrário do que foi referido, gostaríamos de ouvir denunciar, com outra forma de sinalização, os países onde a fome, miséria e pobreza, atingem taxas elevadas. Mas numa Europa em
que vivemos, onde a solidariedade, começa a ser riscada do vocabulário, onde a França e Alemanha, começam a impor regra, para defender os seus interesses, atitude como a que acima referimos, não nos surpreende.
Temos constantemente apelado, para que o interesse económico, jamais supere o benefício social. Infelizmente, a realidade é a inversa. O neoliberalismo ganha constantemente mais adeptos, tenta a todo o custo e o mais rapidamente, dominar zonas estratégicas. No nosso País, é ver diariamente, serem
retirados benefícios sociais, com a justificação, de querer equilibrar a situação económica. Não haverá outros caminhos, para equilibrar a nossa economia?
A propósito do tema, achamos haver interesse, ler o texto que seguidamente apresentamos.
A meia haste
O comissário europeu alemão Günther Oettinger propôs que as bandeiras dos países endividados fossem postas a meia haste nos edifícios europeus. A declaração é chocante pela insensibilidade que revela: os países põem as bandeiras a meia haste devido a luto nacional. Que um comissário europeu se proponha equiparar a dívida ao luto nacional para menorizar a bandeira de alguns países revela um enorme desprezo pelo estado de luto de um país.
No entanto, este comissário não passa de um exemplo do que é hoje a Comissão Europeia, que, tendo a função de guardiã dos tratados, assiste impávida e serena à efectiva tomada do poder na Europa por parte de alguns estados-membros. A posição deste comissário expressa a realidade de um novo poder na União Europeia, que já mandou alterar as constituições e os tratados, e se permite mesmo mandar às urtigas a igualdade dos estados europeus, humilhando alguns símbolos nacionais.
A humilhação que sofremos está ligada à subserviência que adoptamos perante as imposições externas. Quando um país aceita alterar a sua constituição apenas porque um governante estrangeiro assim o entende, não pode esperar depois ser tratado como um verdadeiro país independente. A crise que Portugal atravessa não é apenas financeira: é sobretudo moral. Já ninguém defende a nossa bandeira como o alferes Duarte de Almeida na batalha de Toro, que não a deixou cair mesmo depois de ter perdido os dois braços.
Luís Menezes Leitão,
Professor da Faculdade de Direito de Lisboa
O momento que vivemos é grave, mas estamos confiantes na vitória. Todos juntos, havemos de fazer Portugal, pois a “união faz a força”.
Amorim Lopes