QUE O ENSINO PARA TODOS CONTINUE A FLORIR
Que o ensino para todos continue a florir, ajudando assim a enfeitar o ramo da democracia.
É com imensa tristeza que, com bastante frequência, ouvimos dizer que estudantes do ensino superior tiveram que abandonar os estudos por questões económicas.
Há pouco tempo
, na cidade da Guarda, por falta de dinheiro, 150 estudantes tiveram que “fazer as malas” e ir embora. Um caso, que é do nosso conhecimento, é o de um jovem que, depois de trabalhar uma meia dúzia de anos, se matriculou no ensino superior em Lisboa. Pretende continuar a trabalhar e simultaneamente tirar a licenciatura. Até ao momento, não arranjou trabalho e a bolsa de estudo é-lhe recusada. Com muito sacrifício e ajuda de amigos, este primeiro ano, pensa poder consegui-lo ultrapassar. Para o próximo ano, provavelmente o seu sonho cairá por terra.
Lentamente, a nossa democracia vai sendo apunhalada, no que de mais belo, nobre e justo ela nos doou. Aos poucos, o ensino vai acabando para quem quer ser Homem, e abre portas unicamente aos endinheirados.
Aos poucos, a sinfonia democrática, agora dirigida por um maestro neoliberal, que empunhando a “batuta” do resgate financeiro, vai alterando notas, para desvirtuar o que de mais belo esta nos oferece.
Terminamos com um texto que retirámos do jornal Expresso:
Igreja receia ensino superior exclusivo para ricos
Igreja Católica revela conhecer muitos casos de abandono das universidades por motivos exclusivamente financeiros e receia que as instituições se tornem elitistas.
A Igreja Católica receia que a frequência do ensino superior em Portugal se torne exclusiva dos ricos, revelou o padre Nuno Santos, da Pastoral do Ensino Superior, à TSF.
Nuno Santos alega conhecer vários casos de abandono das universidades por motivos exclusivamente financeiros. "Alunos com capacidade estão a ser impedidos de estudar por razões exclusivamente económicas. Penso que isso coloca em causa a justiça social e até, em parte, esta dimensão democrática do nosso país", justificou.
O padre mostra-se preocupado com a situação económica actual e, especificamente, com as novas regras para a atribuição de bolsas, que poderão discriminar muitos alunos. "Este ano é um ano de viragem para pior e para o próximo ano acho que vai ser o caos a esse nível, porque muita gente não vai sequer arriscar-se matricular-se."
O responsável da Pastoral do Ensino Superior mostra-se também consternado com a proibição de acesso às bolsas para estudantes em agregados com dívidas à Segurança Social - o que "põe de lado muitíssima gente" - e diz que as universidades já começam a ser compostas só por elites. "Os próximos anos vão acentuar em muito essa realidade ao ponto de, se não tomarmos [medidas], o Ensino ficar restrito às elites económicas."
Amorim Lopes