IGREJA DISCORDA EM PARTE DA FORMA COMO O GOVERNO NOS TRATA.
Ao longo dos tempos, o Bispo das Forças Armadas D. Januário tem sido uma voz em constante dissonância com a forma de governar dos nossos governantes.
Ultimamente, outros membros do clero fazem levantar bem alto a sua voz discordante, quase sempre em defesa da gente explorada, apoiando um mundo mais igualitário, solidário e socialmente mais justo.
Um dos muitos que se manifestou foi D. Jorge Ortiga, Arcebispo de Braga, na Conferência Episcopal da Pastoral Social, em Famalicão, cujo o vídeo , que de seguida apresentamos, reproduz bem as suas palavras discordantes.
VÍDEO
Na mesma linha de pensamento, o Correio da Manhã de hoje, publicou um artigo escrito por D. Manuel Linda bispo auxiliar de Braga, cujo título é:”Capitalismo neoliberal”o qual publicamos na íntegra:
“Desgraçadamente, a crise contemporânea está a destruir o que era dado como adquirido.
A partir dos anos 60, a Europa intentou ‘domesticar’ o capitalismo que tanto mal causou desde a revolução industrial: obrigou--o a uma certa responsabilidade ecológica, à promoção dos mínimos de dignidade humana e a contribuir para um fundo de segurança social para que esta fosse em socorro dos trabalhadores quando não pudessem produzir (doença e velhice). A isto chamou-se ‘economia social de mercado’ e passou a ser visto como uma das principais tarefas do poder político, pois só este pode fazer a mediação entre a anomia do capital e o mínimo de ética.
Desgraçadamente, a crise contemporânea está a destruir o que era dado como adquirido. E que era uma marca de optimismo e humanização. A concepção dominante entre os decisores internacionais, mesmo que o não digam, é que a salvação está no capitalismo puro e duro. Consequências? O regresso ao pior do capitalismo selvagem, agora tornado ‘turbo-capitalismo’. O que é bem visível nas sociedades fragilizadas pela desigualdade estrutural, como é a nossa.
Mas o capitalismo neoliberal não será o sistema económico do futuro? A Doutrina Social da Igreja rejeita-o. E eu também. Por várias razões. Refiro apenas três. Em primeiro lugar, porque é individualista e insolidário. De facto, sobra-lhe em inteligência o que lhe falta em coração: é exímio a fazer contas de somar e multiplicar, mas esquece completamente as de subtrair e, muito mais, as de dividir. Além disso, é competitivo. O que significa, em última análise, o domínio do mais forte. Numa dupla direcção: na relação com os parceiros da mesma área, planeia suplantá-los e aniquilá-los mediante os baixos custos de produção; na relação com os trabalhadores, intentando que esse abaixamento dos custos se dê pela via de mais trabalho e pela diminuição do salário e das condições laborais. Em terceiro lugar, o capitalismo suscita o regresso das consciências de classe e das lutas estruturais. Se é verdade que, entre nós, actualmente, as convulsões sociais não têm impressionado pelo número nem pelo dramatismo, não é de excluir a instabilidade. Seremos capazes de encontrar um modelo económico mais consentâneo com a dignidade humana? Estou convencido que este será o grande desafio que se coloca à nossa consciência social neste dealbar do terceiro milénio.”
Quando o Igreja fala da forma como o vai fazendo, é porque as coisas estão mesmo mal.
Nós, com a pureza que nos é timbre, temos aflorado por diversas vezes, parte do que estes homens vêm dizendo, como pode ser provado, consultando os arquivos deste nosso espaço.
Concordamos com quase tudo com o que por eles vai sendo dito. Só com uma mudança de atitude do Governo, é que a situação pode melhorar. As classes média/alta e alta, têm que suportar o pagamento da dívida em maior percentagem. Os pobres e os que estão à porta da pobreza têm de ser excluídos do pagamento da dívida.
Muito recentemente, o governo afirmou pretender criar uma “lista negra”, onde constem os devedores de luz e gás, com montantes acima dos 75 Euros. Concordamos com uma lista, mas onde só constem os que podem pagar e não o querem fazer, ou o não fazem por desorganização e desorientação económica.
Os incumpridores com tais pagamentos que, por questões económicas o não podem fazer, deveriam, em vez de estar numa lista negra, ser contemplados com uma ajuda da parte do governo. E se, no futuro, os mais carenciados não fossem contemplados com aumentos de custos?
Hoje com a informática, isto e muito mais podia ser feito, basta haver vontade e querer fazer.
Mas infelizmente, os ideais dos governantes não é o Mundo solidário, mas, sim, cimentar a arquitectura dum Mundo capitalista sem escrúpulos.
Unidos, com energia e vontade, Portugal vencerá!
Amorim Lopes