ESTE PARTE AQUELE PARTE
O povo galego, no século XIX, viveu tempos de miséria, fome e pobreza, que o levou a emigrar, levando com ele, na bagagem, a esperança de uma vida melhor.
Rosalía de Castro, com a sua poesia, tenta dar ênfase a esse flagelo, a emigração, que pairava sobre o povo galego. Dos muitos poemas que escreveu, merece-nos realce o “Cantar de Emigração”, do qual destacamos: “órfãos e órfãs, tens campos de solidão, tens mães que não têm filhos, filhos que não têm pai”
Também na década de 60, o povo português, vivia debaixo de uma pobreza constante. Os mais aventureiros e arrojados, palmilharam para outros mundos, para onde pudessem amealhar alguns cobres e assim, conseguir uma vida familiar economicamente mais risonha. Conseguiram-no, numa grande maioria, emigrando para França.
Adriano Correia de Oliveira, com a balada”Cantar de Emigração”, letra da galega Rosalía de Castro, e adaptação de José Niza, manifesta bem a revolta, o inconformismo e a não-aceitação, da vida oprimida e miserável em que o povo se encontrava.
Presentemente, o flagelo da emigração começa a estar na ordem do dia: "69% das estudantes, com cursos superiores, têm que emigrar para arranjar trabalho com salários condignos".
Nós, como sentimos na pele, a dor de ter os nossos familiares a trabalhar a milhares de quilómetros de distância, também queremos manifestar a nossa revolta com a situação que se vive, publicando seguidamente o poema e o vídeo, no qual Adriano Correia de Oliveira canta a balada acima referida.
Com união, vontade e crer, Portugal poderá voltar a ser mais justo e igual para todos.
Cantar de Emigração
Este parte, aquele parte
e todos, todos se vão
Galiza ficas sem homens
que possam cortar teu pão
Tens em troca
órfãos e órfãs
tens campos de solidão
tens mães que não têm filhos
filhos que não têm pai
Coração
que tens e sofre
longas ausências mortais
viúvas de vivos mortos
que ninguém consolará
VÍDEO